Most of my poems were written in Portuguese, which is my mother tongue. Only in the last few months I started writing poems in English, and the difference (a lack of structure and rythm, and simpler rhymes) is probably for any speaker of both languages. Still… I am improving. Slow and steady.
(for brevity, I won’t provide a lot of explanations for the context in which they were written. Hopefully, the mystery will make them more enjoyable :-)
###The Saarschleife
(Hopefully with time my poems will start sounding less childish =) )
A cloudy summer day
was when we went to see
a curvy river stray
through mounts, and through trees.
A Saarbrücken train
we took, well, for free;
and then, through hills and plains,
to Mettlach we flee.
In Mettlach we could
by bus or walking go.
By bus we thought we should:
the place we don’t know.
(and, lazy, we agreed
that hours in the woods
for no reason, no need!
It wouldn’t mean no good!)
Though photos we had seen,
Amazement abounded!
So awesome a scene!
We left there astounded.
Yes, photos we had seen;
but photos couldn’t capture
constrained in 2-D
the Saarschleife stature!
Through mounts, and through trees,
the curvy river strays.
Impress whoever sees
the Saarschleife may.
(my first experiment with the structure of the Vilanelle)
I, human, such is my mistake
in vain, in pain, I will remain
a curse it is and will not break
When searching I for what I take
as good and sane, none I attain.
I, human, such is my mistake
Then suffer comes, and though I fake,
I feign, I’m fine; inside I wane:
a curse it is and will not break
Some day then comes, when my ache
high reigns, and to give up I fain.
I, human, such is my mistake
and then I see, for Christ’s sake:
that which I aimed is mine plain;
a curse it is and will not break
Again I learn, I then awake:
my want I ought not chase insane.
I, human, such is my mistake
a curse it is and will not break
In the summer some days,
when not grey the day stays,
even tough it is hot,
you can bet I forgot
to drink water, and got
by mistake, in my craze,
a headache. “Well, a lot,
do I love”… (then I thought)…
“all these summer sundays.”
(written for a presentation in the Kaiserslautern University ISGS’s graduation ceremony 2016, October 2016)
It is nice to be here
getting wise, drinking beer,
enlightening our career.
Still…
there are times not so dear,
when the cheers become tears,
and homesickness appears.
Then I wonder, my good friend,
where is home? Is it here?
Is it near, in this land?
Or depends? Well I fear
home is wherever we stand,
where we expand: it’s the place
where, with grace, we intend
our challenges to face.
But, hey, notice, I demand:
there is no need to replace,
well, indeed, our homeland…
to erase that space
that we’ll love till the end.
This place a body bazaar seems to me
And everybody’s body is for everyone to see
The bodies come from anybody’s lands
From Italy, Spain, Indonesia, India or Netherlands
Available is a list of all the pieces
The length of the catalogue never ceases: only increases!
There are arms, legs, chests, necks, feet
And anyone who sees this gets soon out of his own wits
If there’s a piece that is not very great
The customers are unforgiving and simply won’t take
They are there also for theirs to sell
and those that have more value do create their own cartel
Those with a decent face are worth more
And customers in general tend the faceless to ignore
The bodies that are best are quickly boughten
This leading to some bodies left rotten, never gotten
And I myself a body want to buy
There are a set of features, though, I need it to comply
[And is this one a good place after all?
Don’t know! Who knows? I don’t think so: it isn’t, all in all…]
– And why are you from home thus this far?
– I’m just another body in this damn body bazaar…
Você sabe o que é recursão?
Não?
Esquece, então.
…
Então tá. Vou lhe explicar.
Um exemplo vou lhe mostrar.
Imagine um poema de um leitor
que, assim como você, meu senhor,
um poema dos que em ônibus vemos
lesse atenciosamente, retido.
Olha! Dessa história toda temos
um nível de recursão descido.
Um nível a mais teria se ido
se, no poema do nosso leitor,
contasse a história de um outro senhor
que um outro desses nossos poemas,
por acaso também tivesse lido.
Tomara que tenha entendido;
se não, não tem problema:
quem gosta dessas teorias
(na minha opinião, eu diria)
é somente doido varrido
da matemática ou engenharia
Da janela do meu quarto,
vejo um monte de gente,
e o McDonnald’s, ali em frente,
com seus muitos clientes,
gastando de seus salários,
pagando aos funcionários,
quantia alta, e cientes
de que estão estragando seus dentes O.o
… (to sem rima, povo exigente ¬¬)
Da janela do meu quarto,
vejo o Guaíba, azulado;
e, às vezes, escurecido,
em dia de tempo fechado.
Vejo os barcos, enegrecidos,
e os prédios, poluídos.
Da janela do meu quarto,
vejo os aviões, a pousar
e um escrito a declarar
“SIMONE EU TE AMO” O.o
Às vezes fico a pensar
se a Simone de quem falamos
ainda aqui está a morar
Da janela do meu quarto,
…
Percebo eu que tardo,
na janela do meu quarto…
Se é pra ter poema
Sem musicalidade
Aqui está o meu
(usando o template de Debussy, de Manuel Bandeira)
Atchim, atchum…
Atchim, atchum…
Estou atacado da rinite
Atchim, atchum…
Atchim, atchum…
Ainda bem que não é sinusite
(espirro sem parar…)
E que não posso mais ter amidalite
Passo a usar o remédio direito
Atchim, atchum…
Atchim, …
O remédio fez efeito
Extremamente cansado,
totalmente ligado…
Algo de que o café
(sabe como é)
só pode ser culpado.
É verdade, porém
que o réu também cúmplices tem:
e à cabeça agora me vem
chocolate, maçã e mate.
E pra terminar esse poema
vou-me dormir que pra amanhã tem tema.
Monto agora um poema
com um algoritmo um tanto
estranho! É um esquema:
em cada verso que canto,
ao fim de cada lema,
procuro, de um certo espanto,
com “anto” ou “ema” o tema
(deste poema o emblema)
delinear; e me encanto
que pra resolver o problema
bastou um macete santo:
criei uma lista suprema,
com “quanto”, “manto”, “acalanto”,
“efizema”, “ipanema”, “itapema”,
e pensando esforcei-me enquanto
resolvia o maldito dilema
(até que difícil, no entanto)
de montar este teste-poema.
4h30 da manhã e eu acordado.
Meu irmão bem roncando, desgraça! Viado!
Diabo é o mosquito, que tão pequenito
me enerva, me assola, ô bicho maldito!
E assim vou ficando, sem poder dormir.
Se acordo agora, então vou cair
no bus, na escola, na aula, em frente
ao professor descrente de que tão facilmente
meu sono – que em meio à sua companhia
se mostra sem freio [pra minha agonia] –
eu perca (ou nem ache) pra minha aflição,
até mesmo quando sem causa ou razão.
Pequena, sublime, serena, suprema beleza,
que passa cantante e vibrante por mim devagar.
Se vira depressa e me mira, pra minha surpresa,
com seus olhos lindos, sorrindo que encantam olhar.
Amável, inacreditável, notável realeza,
que à mesa sua delicadeza só faz aumentar.
Transforma sua volta de forma que aqui sua grandeza
os olhos de todos, que olham, possam atestar
Bondosa, tão maravilhosa, de infinda nobreza,
e fundos seus olhos em mundos me faz caminhar,
e fere o meu peito que se enche em despeito e tristeza,
e almeja bem mais que a beleza tão só contemplar.
Sujeito-me agora à ausência de sua beleza.
Meu peito precisa em urgência seu pranto curar.
Direito não tinha a violência de sua frieza
o efeito de minha existência assim arruinar.
Sem paz, permanece o menino,
em vão, nem insano nem são.
Sem ânimo ou fé, pequenino,
sem mimo, ao relento, sem chão.
Com tantas perguntas em mente,
confuso, ao léu, sem resposta.
Bem mal, no momento, se sente,
no tempo está sua aposta.
Não sabe se aquilo que vê
entende de forma correta;
lhe cabe, compreende, escolher
(assim desistente sem meta)
sozinho o caminho a correr.
Melhor já se sente, poeta.
O tempo vai passando… com ele, a gente,
sem dúvida que, quando, no porvir,
nem mais banal, nem mais adolescente
for, já seguro então vai se sentir.
Um dia então percebe estranhamente,
que adulto o é, porém, sem perceber-
se diferente do seu eu recente.
Entende: terminou-se o adolescer.
Mas aonde foi aquela segurança
que os pais passavam quando era criança,
que víamos adultos sempre ter?
Parece que não é como se pensa,
que à diferença adulto não pertença
… ou o é e eu que adulto não sei ser?
A Lua há tempo já não
está.
A Lua tentei em vão
tocar.
Já a Lua dessa oração
não há.
Na Lua meu coração
mora.
À Lua humilde canção
criei.
Pagão, meus versos, então
cantei.
“Oh dou-te o meu coração:
Contigo sempre estarei!”
bradei e com distinção
falhei.
No peito a bondade vou
guardar
dos tempos em que deixou-se
estar.
Daquilo que me ensinou,
sem nada, pois, me cobrar,
a Lua, que, há tempo, já
(dizendo que forte sou)
partiu e só me deixou
silêncio, pois se ausentou.
Passou, ja foi, se ocultou
no mar.